Os túmulos de D. Dinis e do Infante, localizados na Igreja do Mosteiro de São Dinis e São Bernardo em Odivelas, têm vindo a ser alvo de uma investigação multidisciplinar, inédita em Portugal, no âmbito do projeto, iniciado em 2016, entre a Câmara Municipal de Odivelas e a então Direção-Geral do Património Cultural, parcialmente financiado pelo Programa Operacional Lisboa 2020.
O projeto envolve especialistas das áreas de Arqueologia, Antropologia, História, História da Arte, bem como Conservação e Restauro, da Câmara Municipal de Odivelas, Museus e Monumentos de Portugal, E.P.E. (MMP), Património Cultural I.P. (PC), universidades e empresas independentes.
O desenvolvimento deste projeto resultou na abertura dos referidos túmulos, na exumação do espólio arqueológico e osteológico, inventário e análise preliminar, bem como na conservação e restauro de ambas as arcas tumulares pétreas.
O estudo apresenta uma dimensão e complexidade ímpares, pelos meios técnicos e materiais envolvidos, assim como pela importância histórica e a sua repercussão no meio científico. Com efeito, o carácter excecional do conjunto exumado justificou a sua proposta de classificação como Tesouro Nacional.
700 anos após a sua morte (1325-2025), apresentou-se publicamente a reconstituição facial científica do rei D. Dinis, baseada em dados arqueológicos, antropológicos e genéticos.
A aproximação facial é uma técnica de reconstituição do rosto de um indivíduo a partir dos seus restos mortais. No caso de D. Dinis foi possível realizar a aproximação facial a partir das informações contidas no seu esqueleto e, em particular, do crânio, que conservava a totalidade dos ossos.
A execução da aproximação facial baseou-se nas informações extraídas pelos elementos da Universidade de Coimbra e do PC I.P., liderados pela antropóloga Eugénia Cunha, a partir das medições realizadas ao crânio e do seu levantamento 3D. Os dados foram enviados para Caroline Wilkinson, diretora do Liverpool John Moores University’s Face Lab e responsável por várias reconstituições mediáticas como a de Ramsés II e Ricardo III de Inglaterra.
A determinação genética das afinidades populacionais e da aparência do monarca foi realizada pelo Instituto Nacional de Medicina Legal e Ciências Forenses a partir de amostra óssea e dentária que permitiram a extração de ADN, identificando-se um perfil genético individual masculino, cuja origem biogeográfica seria europeia, possuindo muito provavelmente olhos azuis, cabelo e pele claros.
A informação sobre as dimensões dos cabelos e pelos faciais resultaram da análise às fontes cronologicamente mais próximas da época da sua morte.
Revela-se, assim, o rosto de um dos mais importantes monarcas da primeira dinastia que à data da sua morte, no dia 7 de janeiro de 1325, tinha 63 anos e que escolheu, em vida, o Mosteiro de São Dinis e São Bernardo para repousar eternamente.
Fonte: CMO